terça-feira, 3 de agosto de 2010

Noite em Pau Brasil, manhã em Ibicaraí


Pau Brasil, cidadezinha de cerca de 15 mil habitantes, localizada na Região Cacaueira da Bahia, não é propriamente um desses lugarejos do interior, onde se pode desfrutar uma vida pacata e tranqüila, sem os sobressaltos das médias e grandes cidades.

Ao contrário, Pau Brasil tem um histórico de violência por conta de uma interminável pendenga entre índios pataxós hã hã hãe, que reivindicam a posse de uma área maior do que a delimitada pela reserva Paraguassu-Caramuru, e fazendeiros que ocupam áreas indígenas.

Uma pendenga que já produziu mortos, feridos e que vez por outra gera ondas de violência.

Existe ali, portanto, um clima de tensão permanente, embora nos últimos tempos o acirramento tenha dado lugar a uma convivência relativamente tranqüila entre os pataxós e o restante da população.

Pois essa tranqüilidade foi quebrada na noite/madrugada de segunda para terça-feira e não por mais uma rusga entre indígenas e fazendeiros.

Desta vez, Pau Brasil foi, literalmente, assaltada pela violência que atualmente não distingue os lugarejos perdidos no mapa das grandes metrópoles.

Os relógios marcavam meia noite, quando doze homens ocupando três veículos e armados com fuzis, escopetas e metralhadoras, invadiram a cidade, com o objetivo de roubar os quatro caixas eletrônicos da agência local do Banco do Brasil.

Numa ação planejada, renderam os três vigias de uma escola vizinha a agência, retirados da quase sonolência, e utilizaram maçaricos para arrombar os caixas. Disparado o alarme, os bandidos fizeram os vigias reféns e fugiram em direção a Itaju do Colônia. A perseguição policial foi abortada por uma árvore derrubada na pista.

Os reféns foram libertados na aldeia indígena e os bandidos conseguiram escapar, levando todo o dinheiro dos caixas eletrônicos.

Quando a cidade despertou, pode conferir as marcas da violência que, felizmente, não resultou em vítimas.

Na manhã de terça-feira, um policial militar e um gerente do Banco do Brasil foram feitos reféns em mais uma ação que envolveu dezs assaltantes de bancos. Desta vez, o assalto ocorreu em Ibicaraí. A polícia suspeita que os dez homens são os mesmos que atuaram em Pau Brasil.

Ações desse tipo já ocorreram em pelo menos cinco cidades do Sul da Bahia nos últimos doze meses, algumas delas em plena luz do dia, produzindo verdadeiras cenas de faroeste com trocas de tiros e perseguições.

Os bandidos, que de bobos não tem nada, se aproveitam do reduzido efetivo policial nas pequenas cidades e escolhem datas específicas como o pagamento dos servidores públicos municipais ou de benefícios do Bolsa Família, para agir, invariavelmente com sucesso.

Nada que a polícia não saiba que pode acontecer.

Mas, se mal consegue combater a criminalidade do dia a dia, exigir um trabalho preventivo é querer demais para policiamento de menos.

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