quinta-feira, 8 de julho de 2010
Apertem as vuvuzelas, o futebol sumiu
Apesar da contagiante alegria dos africanos, com suas vuvuzelas ensurdecedoras, a Copa do Mundo chega ao final com aquele travo amargo, pelo menos para os amantes do futebol.
E futebol foi justamente o que faltou nessa enxurrada de jogos, alguns deles verdadeiros desfiles de pernas de pau, em estádios de sonho e gramados de fantasia. Mas, sonho e fantasia fazem parte de um estilo de jogo que não existe mais.
Seleções tradicionais como França, Itália, Brasil, Argentina e Inglaterra ficaram pelo meio do caminho, as duas primeiras como lanternas de seus grupos na fase inicial.
Craques que poderiam brilhar e fazer a diferença como Messi, Kaká e Cristiano Ronaldo não brilharam nem fizeram a diferença. Messi ainda teve um brilharecozinho, mas nada que lembrasse o gênio estelar do Barcelona.
Os raros bons momentos da Copa foram proporcionados pela Argentina e, mais do que todos, pela Alemanha, que fez pelo menos dois grandes jogos, goleando argentinos e ingleses.
Os germânicos parece que gastaram o estoque de truques nesses dois jogos. Contra a Espanha, a Alemanha foi um time comum, burocrático e sem inspiração.
E assim, Espanha e Holanda decidem a Copa de 2010, um deles integrando-se ao seleto clube dos campeões mundiais.
Espanha e Holanda que são a síntese do futebol atual: muita marcação, meio de campo congestionado e poucos gols.
Nem espanhóis nem holandeses fizeram um mísero jogo de encher os olhos nessa Copa.
A Espanha estreou perdendo da Suíça por 1x0 e se algum mérito teve foi o de não amarelar. Ganhou a duras penas de Honduras e do Chile, suou para passar por Portugal nas oitavas de final e suou mais ainda para superar o Paraguai nas quartas de final. Tudo na base do 1x0 ou 2x1. Contra a Alemanha, mais um magro 1x0, suficiente para levá-la à decisão.
A Holanda, marcada por jogar sempre bonito e não ganhar nada, resolveu que era a hora de jogar feio e ganhar alguma coisa. Estreou com um insosso 2x0 na Dinamarca, fez outro insosso 1x0 no Japão e um 2x1 sem graça em Camarões. Nas oitavas despachou o Brasil porque o Brasil inacreditavelmente tremeu e nas quartas de final penou pra bater o esforçado Uruguai por 3x2. Disputa sua terceira final de Copa do Mundo, pela primeira vez sem despertar suspiros de admiração.
Holanda e Espanha farão uma final que é a síntese do futebol atual: pragmático e sem arte, na base do ´defende como pode e ataca quando dá´.
Não há favorito, mas de antemão, já há um perdedor: o futebol. Ou pelo menos aquilo que nos tempos de antanho se entendia por futebol.
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