quarta-feira, 17 de março de 2010

O vôo


Em 2004, quando um helicóptero da Petrobrás sobrevoou Itabuna, levando a bordo técnicos e diretores da empresa, prospectando um local ideal para a implantação do citygate do Gasoduto de Integração, a reação de parte da população foi da ironia ao descrédito total.

A implantação do citygate, base de distribuição do gás natural que trafega pelo gasoduto, foi uma reivindicação do então prefeito de Itabuna, Geraldo Simões, ao presidente Lula.

No calor de uma disputa eleitoral acirrada e num período em que a crise provocada pela vassoura-de-bruxa minava a auto-estima da cidade, o projeto foi encarado por muitos como mera jogada de marketing para angariar votos.

Uma coisa que não iria sair no papel. Ou, a despeito do helicóptero, não iria cair do céu.

Seis anos depois, o gasoduto pode não ter caído do céu, visto que foi implantado sob a terra e é fruto de muito trabalho, mas aquilo que parecia uma promessa inconsistente não apenas está prestes a se tornar realidade; como também pode servir de ponto de partida para a transformação da economia regional.

Na próxima semana, quando entrar em operação a partir de um contrato entre a Petrobras e a Bahiagás, a base de distribuição de gás natural do gasoduto vai, literalmente, abrir a torneira para uma série de oportunidades de negócios.

O gás natural, uma fonte energética mais limpa e mais barata, vai possibilitar a atração de novas empresas, fazendo com que o processo de industrialização, ainda incipiente, seja acelerado. Além disso, a utilização de gás natural pelo comércio, prestadores de serviços e frota de veículos, certamente dará um novo impulso a esses segmentos.

Isso sem contar a utilização domiciliar do gás natural, a partir de uma rede de dutos que será implantada pela Bahiagás. A partir da Central de Distribuição, os dutos se estenderão por Itabuna e chegarão a Ilhéus, Itapetinga, Vitória da Conquista e quase uma centena de municípios das regiões Sul, Extremo Sul e Sudoeste da Bahia, num processo de integração e desenvolvimento conjunto.

E aqui já não está mais se tratando de conjecturas ou suposições e sim de algo plenamente viável, que obviamente não irá se tornar concretizar num passe de mágica, mas demanda trabalho, espírito empreendedor, capacitação profissional, senso de oportunidade e visão de futuro.

Uma oportunidade histórica dessas é para ser aproveitada, priorizando o desenvolvimento sustentável e a divisão justa das riquezas geradas por esse novo ciclo de desenvolvimento que surge no horizonte.

Que, impulsionado pelo gás natural, esse processo seja sólido e duradouro, numa região extremamente penalizada por uma crise que já dura duas décadas e que merece trilhar um novo caminho.

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