sábado, 20 de fevereiro de 2010
Deus perdoa. O tráfico não!
Danilo Mota Silva, morador do bairro Jardim Primavera, na periferia de Itabuna, imaginou ter encontrado na religião o caminho de volta que muitos tentam e não conseguem encontrar.
Aos 19 anos, colocara um ponto final numa adolescência marcada pelo consumo de drogas, essa praga de dimensões bíblicas que mergulha tantas e tantas pessoas, a maioria jovens, num abismo profundo.
Danilo estava freqüentando uma igreja evangélica e recompondo o círculo de amizades. Seus planos incluíam um curso superior e um trabalho decente, além de constituir família.
As drogas eram parte de um passado que ele fazia questão de esquecer, os olhos voltados para o futuro, a vida nova lastreada numa fé em Deus que costuma operar, se não milagres, verdadeiras transformações.
Um exemplo de superação a ser destacado nos cultos que ele passou a freqüentar com regularidade.
A nova vida de Danilo foi interrompida por três tiros numa noite de domingo de carnaval, bem longe do som dos trios elétricos e das multidões ensandecidas que sugam a festa até a ultima gota, o último acorde.
O caminho de Danilo cruzou com o de seus algozes e ele, pressentindo o perigo, ainda tentou fugir.
Foi perseguido e executado friamente nos fundos de uma casa modesta, cujo dono, como é de praxe quando a segurança inexiste, ouviu apenas os disparos, mas não viu quem disparou.
E, ainda que tivesse visto, diria que não viu, diante da lei do silêncio e da cegueira imposta pela bandidagem.
A polícia tem fortes indícios de que Danilo foi assassinado porque tinha contas para acertar com os traficantes.
No “Código de Ética” do tráfico, dividas com drogas não quitadas, sejam elas de 10, de 100 ou de 1000 reais são pagas com a vida, uma espécie de alerta macabro contra tentativas de calote.
Fim de linha para Danilo Mota Silva, que três tiros fizeram com que deixasse de ser exemplo de superação e voltasse a ser exemplo de que a droga é um caminho perigoso e muitas vezes sem volta.
Na correria apavorante daqueles que foram seus últimos minutos de vida, Danilo deve ter percebido que se Deus perdoa, como certamente o havia perdoado, o tráfico não, como bem demonstraram os três tiros que o tiraram do caminho do bem e o jogaram na vala comum das vítimas de uma guerra sangrenta e cotidiana que parece não ter fim.
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