terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Éramos seis


Paulo Sérgio da Silva, o Sergio Gordo, 35 anos.

Erick Silva Santos, o Cabo Erick, 19 anos.

Jadson Correia dos Santos, o Escolta, 22 anos.

Josevaldo Ribeiro Santos, o Tiqueta, 25 anos.

Henrique Santos Moreno, 15 anos.

João Paulo Santos, 26 anos.

Itabuna, bairros Urbis IV, Jaçanã, Fonseca, Califórnia, São Lourenço.

Paulo Sérgio, vendedor de DVDs, assassinado porque negou um real a um viciado em crack.

Erick e Jadson assassinados em função de rixas com grupos rivais.

Josevaldo assassinado possivelmente por engano, confundido que foi com um traficante conhecido como Nem Veio.

Henrique e João Paulo, sem envolvimento com drogas ou com o mundo do crime, assassinados sabe-se lá porque.

Seis assassinatos em Itabuna num intervalo inferior a 48 horas.

Uma carnificina iniciada no sábado e encerrada no domingo, como que para “coroar” a Semana da Vergonha, em que Itabuna foi apontada como a cidade brasileira em que os jovens estão mais expostos a violência e à exclusão social.

Das seis vítimas fatais, apenas uma tinha mais do que 26 anos.

Jovens, com uma vida inteira pela frente, tragados por uma brutalidade sem limites, vítimas de uma guerra urbana de contornos cada vez dramáticos e violentos.

Mata-se por um real, mata-se por uma discussão banal, mata-se por engano.

Na rua, no bar, dentro de casa.

Sangue inocente e sangue de gente que descambou para a marginalidade por falta de opção.

Bairros carentes transformados num barril de pólvora, que explode em assassinatos seriais, em agressões, assaltos, arrombamentos, tráfico de drogas.

Uma violência onipresente, prevalecendo sobre um poder público omisso e/ou ineficaz, um sistema de segurança pública que não garante a segurança de ninguém.

Vivemos numa cidade que conta e chora as suas vítimas aos montes, que está perplexa diante de tanta violência, mas que precisa reagir, cobrar providências das autoridades competentes (sic) e exigir que se dê um basta a tanta violência, que se trate bandido com rigor e preserve a vida e a integridade dos cidadãos de bem.

Uma cidade que não pode ficar de joelhos, como se estivesse diante de uma situação irreversível ou subjugada por um castigo divino, um golpe do destino.

Itabuna, que já deu tantas demonstrações de altivez, precisa, mais uma vez, promover uma ampla mobilização, capaz de chamar a atenção e gerar as necessárias e imediatas providências que dêem um basta a esse banho de sangue.

Paulo, Erick, Jadson, Josevaldo, Henrique e João.

Quem será o próximo?

Quem serão os próximos?

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