quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Uma ponte que nao é apenas uma ponte
Ainda está para ser devidamente mensurada a importância da ponte sobre o Rio de Contas, inaugurada pelo governador Jaques Wagner, que liga Camamu a Itacaré.
Não se trata, obviamente, de uma ponte que liga apenas duas cidades do litoral baiano, ainda que Itacaré seja atualmente um dos principais destinos turísticos do Nordeste.
Trata-se, isso sim, uma obra que interliga, via ferryboat, Salvador e região metropolitana ao Baixo Sul e ao Sul da Bahia, encurtando distâncias e evitando o tráfego pesado e perigoso da rodovia BR 101 e na quase sempre congestionada rodovia Salvador-Feira de Santana.
A ponte é o elo de ligação que une e integra uma faixa considerável do litoral baiano, numa estrada que é cenário de uma natureza exuberante, em meio a rios, cachoeiras, mata atlântica e uma biodiversidade espetacular. Não por acaso, a rodovia BA 001 recebeu o nome de “Estrada Ecológica”.
A obra não terá impactos positivos apenas no turismo, que já se fazem sentir no aumento do fluxo de pessoas em Itacaré, Camamu e nas praias ilheenses, mas também na atração e consolidação de outros investimentos, que virão na esteira de projetos importantes como o Porto Sul, a Ferrovia Oeste-Leste, a Zona de Processamento de Exportações, o novo aeroporto de Ilhéus e ainda o Gasoduto da Petrobrás, este um pouco mais distante da faixa litorânea.
São equipamentos capazes de dar um novo impulso a uma economia que sempre dependeu do cacau, que se fragilizou após a chegada da vassoura-de-bruxa e que tem a oportunidade de ganhar um novo impulso, gerando um duradouro ciclo de desenvolvimento sustentável.
Sem correr o risco do exagero, pode-se afirmar que esses investimentos deverão provocar, no Sul da Bahia, o mesmo impacto econômico gerado pela implantação do Pólo Petroquímico de Camaçari, há quarenta anos.
A ponte é, portanto, o símbolo de um novo tempo, que deixou a categoria de promessa, das quais estamos cansados, e já está começando.
O desafio -e ele precisa ser encarado- é justamente proporcionar o desenvolvimento sustentável, de maneira que a atividade econômica geradora de emprego, renda e qualidade de vida, esteja diretamente associada à conservação ambiental.
Tão necessários quanto o porto, o aeroporto, a ferrovia e os empreendimentos complementares será a preservação da natureza, através da adoção de um modelo que não infira danos ao meio ambiente, uma equação que não é de todo impossível, muito pelo contrário.
É possível, sim, fazer do Sul da Bahia uma região de economia forte e dinâmica e ao mesmo tempo conservar para as gerações futuras um patrimônio ambiental que é uma verdadeira dádiva na Mãe Natureza.
Em vez de um abismo entre desenvolvimentistas e ambientalistas, é preciso que entre eles haja uma ponte que atende pelo nome de diálogo.
O caminho está traçado.
E será menos tortuoso e atribulado se quem está junto nessa estrada compreender que o objetivo é (ou deveria ser) o mesmo: uma vida melhor para os milhões de sulbaianos desejosos de atravessar essa ponte que separa a crise e a miséria do desenvolvimento e da possibilidade de uma vida melhor.
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