quinta-feira, 19 de novembro de 2009

No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho



A foto que abre esse texto mostra um menino usando crack, enquanto outro rapaz aguarda sua vez de se drogar.

Foi tirada no antigo e abandonado porto de Ilhéus, mas poderia ter sido tirada em outros pontos de Ilhéus, de Itabuna ou em qualquer parte desse país.

O consumo de crack espalhou-se como uma praga e atingiu níveis alarmantes.

É o motor que move a escalada de violência, motiva furtos, assaltos e arrombamentos e que transformou o telefone celular em moeda de troca com os traficantes, objeto de desejo dos viciados, que depois de iniciado o consumo de crack, raramente conseguem parar, ao contrário, querem sempre mais, mais e mais...

O crack, dadas as dimensões de atingiu, deixou de ser um problema de polícia. É, sim, um problema de saúde pública e em função disso exige muito mais do que repressão e detenção dos traficantes.

Passa pela implantação de centros de recuperação, com equipes multidisciplinares que efetivamente contribuam para que as vítimas possam deixar o vício.

Essas clínicas praticamente inexistem e as poucas disponíveis são caras e inacessíveis para a esmagadora maioria dos familiares que convivem com esse drama.

O investimento em centros de recuperação é mais do que necessário, porque se tornou impossível ignorar a calamidade pública que se tornou o consumo de crack e seus ´subprodutos´, como o aumento da criminalidade.

A outra questão é ainda mais complexa: milhares de crianças e adolescentes são atiradas para o mundo das drogas e num segundo e quase inevitável passo, do crime, por absoluta falta de perspectiva de vida.

Será a partir de projetos de inclusão social, como educação, esporte, emprego, que eles terão o estímulo e a oportunidade para buscar outra estrada, que os conduza a essa palavra tão bela quando subjetiva, chamada cidadania.

Enquanto isso não ocorrer, só restarão as pedras no meio do caminho, que podem ser poéticas na literatura de Carlos Drummond de Andrade, mas tornam-se letais na vida real.

Uma pedra, outra pedra e mais uma pedra e é o fim do caminho.

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