terça-feira, 17 de novembro de 2009
As duas faces de um mesmo golpe
O programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu no último domingo uma reportagem denunciando a venda de cadastros de segurados do INSS a aposentados que têm margem de consignação e podem obter empréstimos que serão parcelados e descontados quando do recebimento do benefício.
Trata-se de um verdadeiro golpe, que tem lesado milhares de segurados, em sua maioria aposentados, pelo Brasil afora. Gente que só descobre que caiu nas mãos de bandidos quando retira o extrato de vencimentos.
Para reverter esse processo, eles são obrigados a recorrer ao tortuoso e lento caminho judicial, já que para efeito legal, toda a operação para o empréstimo consignado foi correto.
É gente que recebe uma aposentadoria minguada e que, com a tunga nos vencimentos, fica impedida de se alimentar ou comprar medicamentos.
O golpe não é coisa de gente amadora, mas de quadrilhas organizadas e fatalmente conta com o apoio de pessoas ligadas ao INSS ou a instituições financeiras.
Não fosse isso, como se explicaria a obtenção do cadastro, com todos os dados do segurado?
E não precisa ser vidente para descobrir como esses golpistas dados que deveriam ficar restritos ao INSS e os bancos.
Uma certa Associação de Consumidores vem ligando para várias residências e oferecendo participação do morador numaa ação coletiva contra a Caixa Econômica Federal, para pagamento da diferença da correção da poupança em determinado período de um dos planos econômicos das décadas de 80 e 90.
O inacreditável é que não se tratam de ligações aleatórias. A pessoa que fala em nome da associação, tem todos os dados da vítima, perdão, da pessoa: nome, endereço, telefone e, pasmem, até o saldo da caderneta de poupança durante a vigência do plano.
Quando perguntada sobre como conseguiu aqueles dados, a pessoa responde candidamente:
-Foi a própria Caixa que nos passou.
Se não foi, a CEF tem que usar os mecanismos de que dispõe para evitar que seu nome seja usado para golpes de todo o tipo.
Se foi, a situação ainda é pior, visto que seus funcionários tem acesso a dados que, vazados, podem cair nas mãos de pessoas inescrupulosas, que não se furtam (ops!) nem de roubar dinheiro dos pobres aposentados.
O que não se pode é permitir que os golpes se alastrem, com cada vez mais gente sendo lesada por espertalhões auxiliados por pessoas que deveriam honrar a profissão, mas que na prática são ladrões a, literalmente, tirar o pão de boca dos nossos velhinhos, como no caso da fraude dos empréstimos consignados.
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