quarta-feira, 28 de outubro de 2009
A segunda morte do professor Álvaro
Mais de quarenta dias se passaram desde que o professor Álvaro Henrique Santos, dirigente da APLB-Sindicato em Porto Seguro foi barbaramente assassinado, num típico crime de mando. Na mesma emboscada, ficou ferido o também professor Elisnei Pereira.
Álvaro Henrique vinha liderando uma grande mobilização em defesa da categoria, numa campanha salarial acirrada, o que levanta suspeitas, não comprovadas, de que sua morte tenha ligação direta com a militância sindical.
Após sua morte, os colegas fizeram várias manifestações para exigir uma investigação rigorosa, no sentido de prender e punir os responsáveis.
Chegaram, inclusive, a encaminhar um documento ao Governo do Estado, na expectativa de que um crime tão brutal não fique impune.
Não custa nada lembrar que o atual governador da Bahia, Jaques Wagner, tem um histórico de luta e militância sindical, que lhe valeram perseguições da Ditadura Militar.
Nada mais natural, portanto, que os educadores de Porto Seguro -e por extensão de toda a Bahia- confiem na punição dos assassinos e eventuais mandantes.
Ocorre que até agora nenhuma pessoa sequer foi interrogada e as investigações parecem caminhar a passos de tartaruga.
Pior, existe um silêncio perturbador em torno do caso, que tanto pode significar que a polícia nada divulga para não atrapalhar as investigações, como revelar que não existe pista alguma e que nada avançou desde que Álvaro foi emboscado e morto, numa localidade da zona rural de Porto Seguro.
Por conta dessa indefinição no tocante às investigações, os educadores decidiram utilizar a única arma de que dispõem: a greve.
Paralisaram as atividades, para chamar e atenção e exigir providência para evitar que a morte do professor Álvaro, a exemplo de tantas e tantas outras, não caia na vala comum do esquecimento.
É preciso que o Governo do Estado, através das secretarias de Segurança Pública e de Justiça, fique atento e cobre da polícia maior eficiência das investigações.
Deixar sem solução o assassinato de um educador que perdeu a vida em defesa da categoria é um péssimo exemplo e um incentivo a novos crimes desse tipo.
É, também, uma espécie de segunda morte para o professor Álvaro, que já foi vítima da brutalidade e agora não pode ser vítima da impunidade de seus algozes.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário