quinta-feira, 24 de setembro de 2009

UM FILME SOBRE INSEGURANÇA


Imagens colhidas pelo sistema de câmeras de um supermercado de Itabuna e exibido na internet mostram uma mulher sendo roubada enquanto fazia compras.

Ao contrário do que possa parecer, não tem nada a ver com os preços extorsivos cobrados em boa parte dos estabelecimentos do gênero.

Foi roubo no sentido literal, mesmo.

As imagens, feitas de diversos ângulos, focam uma cliente percorrendo as gôndolas do supermercado e enchendo o carrinho de compras.

Mostram também outras clientes circulando, sem despertar qualquer suspeita.

Aos poucos, as imagens vão deixando claro que três mulheres estão menos interessadas nas mercadorias e mais em aproveitar um descuido de alguma cliente para cometer o delito.

E o descuido acontece.

Uma cliente para o carrinho de compras no corredor central e vai até uma prateleira num dos corredores laterais. Desafortunadamente, deixa a bolsa dentro do carrinho.

Em questão de segundos, uma das ladras pega a bolsa, se livra do carrinho que carregava para disfarçar, passa a bolsa para outra ladra, e ambas deixam o supermercado com a cobertura da terceira envolvida no roubo.

As imagens, agora da área externa, mostram as três mulheres no estacionamento do supermercado, caminhando na maior tranqüilidade.

Tudo registrado em detalhes pelas câmeras.

É de se supor, portanto, que o final das imagens mostre as três mulheres sendo detidas pelos seguranças do supermercado e entregues à polícia.

Fiquemos na suposição.

Filmadas à exaustão, numa espécie de big brother do crime, as mulheres fugiram tranquilamente e devem estar aplicando o mesmo golpe em outros supermercados ou até mesmo no próprio local.

Inacreditável que, diante de um roubo filmado com tanta clareza, ninguém tenha se dado ao trabalho de acionar a segurança. Não é para isso que, entre outras coisas, o sistema de vigilância por imagens existe?

É tentador perguntar: se em vez da bolsa de uma cliente indefesa, as mulheres tivessem roubado um quilo de feijão, um pacote de açúcar ou uma lata de leite teriam saído com a mesma tranqüilidade?

Ou teriam sido imediatamente barradas pela segurança?

O fato é que houve uma falha e falhas devem ser corrigidas.

Já não basta a insegurança nas ruas, onde a qualquer momento o cidadão pode ser vítima de um bandido. Até o simples ato de fazer compras se tornou arriscado.

Não dá para ficar tranqüilo nem num ambiente exageradamente vigiado, com câmeras acompanhando cada movimento.

O que se materializou no supermercado em questão, que certamente vai ressarcir a cliente e tomar mais cuidado com a vigilância, foi um filme sobre insegurança produzido por um sistema de segurança.

Você está sendo filmado.

Mas não há porque sorrir.

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