sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Noites traiçoeiras


A partir das 20 horas, a maioria dos caminhoneiros que costuma trafegar pela rodovia BR 101 no trecho entre Itabuna e o entroncamento para Feira de Santana e Salvador inicia uma espécie de operação não combinada, procurando um posto de gasolina para passar a noite e reiniciar a viagem nas primeiras horas da manhã seguinte.

Os ônibus que rasgam a rodovia durante a madrugada, viajam em comboio, com grupos de quatro a cinco veículos.

Poucos motoristas de veículos pequenos que atrevem a circular pela BR 101, que possuiu inúmeros trechos em que a distância entre uma cidade e outra pode passar dos 60 quilômetros.

Quando cai a noite, a BR 101 se transforma numa espécie de rodovia fantasma.

O problema, entretanto, não está nas improváveis almas penadas que por ventura decidissem assustar os motoristas.

Longe de ser do outro mundo, a questão para tantos cuidados está nesse mundo mesmo e atende pelo nome de criminalidade.

Se por conta do sistema de comboios os assaltos a ônibus, tão comuns até alguns anos atrás, se tornaram uma raridade, o mesmo não se pode dizer de caminhões e carros de passeio.

As incursões dos bandidos não se resumem aos lugares ermos, em que pode existir sempre um bandido num ponto em que é preciso reduzir a velocidade.

Na semana passada, um veículo de uma prefeitura sulbaiana foi roubado no trecho da rodovia BR 101 no município de Santo Antonio de Jesus.
A abordagem foi feita num quebra molas e além de levar o carro, os bandidos saquearam os passageiros. O crime aconteceu por volta das 22 horas.

Dias atrás, durante a madrugada, a ousadia dos marginais chegou ao ponto de cometerem um assalto coletivo nas barracas que vendem farinha, beiju, frutas e artesanato no trecho próximo à entrada do Vale do Jequiriçá.

Os bandidos, portando armamento pesado, obrigaram os comerciantes a se deitarem no chão e levaram dinheiro e telefones celulares.

No entroncamento de Uruçuca, que dá acesso a Ilhéus, motoristas preferem expor-se ao risco de acidentes e entram direto, em vez de parar no acostamento para fazer o contorno com segurança.

Segurança?

Isso é justamente o que falta numa das principais rodovias do país, elo de ligação entre o Sul/Sudeste e o Nordeste.

O que impera é justamente a insegurança, fazendo com que se atrasem ou se adiem as viagens, a menos que se queira correr o risco de sofrer um assalto.

Nas noites traiçoeiras da BR 101, o bandido por estar na próxima curva, na próxima subida ou no próximo quebra molas.

A espera da próxima vítima.

Nenhum comentário: