quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A senhora sua mãe!


O Congresso Nacional, Senado à frente, tem produzido nos últimos meses não apenas uma sucessão de escândalos, como também uma troca de artilharia pesada e de um nível tão baixo a ponto de corar as dadivosas senhoras e senhoritas que praticam a chamada mais antiga (e nem por isso menos nobre) das profissões.

Como se fossem pouco as denuncias, boa parte delas comprovadas, de desvios de recursos, intermediação de empréstimos consignados, farras com passagens aéreas, recebimento de verbas irregulares, nomeações de parentes e uma lista quase infindável de trambicagens, nossos nobres senadores e deputados estão se especializando em xingamentos em que não param de subir (ou baixar) o tom.

Os telejornais do horário nobre da televisão reproduziram nas últimas semanas, entre outras baixarias, a apoplética agressão verbal do senador Fernando Collor de Mello (é aquele mesmo que dispensa apresentações) contra seu colega Pedro Simon. Collor, com o dedo em riste e os olhos esbugalhados, mandou Simon digerir as palavras da melhor maneira que lhe conviesse.

A tradução livre para essa digressão é... bem, deixemos para lá.

Simon disse que chegou a ter medo de Collor. Medo físico mesmo.

Logo depois, os também senadores Tasso Jereissati e Renan Calheiros (outro que dispensa apresentações) travaram um diálogo duro, em que trocaram afagos do tipo “coronel de merda” e “cangaceiro de terceira categoria”. Tasso chegou a mandar Renan lavar a boca antes de citar seu nome.

Se lavou, não se sabe, mas o fato é que o Coronel de Merda e o Cangaceiro andam se estranhando, enquanto a vida segue e Sarney resiste, amparado por sua tropa de choque e respaldado pelo companheiro Lula, com seu pragmatismo eleitoral levando ao extremo.

Depois que Collor mandou Simon fazer uso nada ortodoxo de suas palavras, depois do bate boca entre Tasso e Renan, depois de inúmeras demonstrações de falta de decoro (o que é isso?) ainda teve mais.

Na última terça-feira, durante o depoimento da ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, no interminável lenga lenga sobre um eventual e ainda não comprovado encontro com a ministra Dilma Roussef, que a oposição tenta transformar em escândalo de dimensões bíblicas, o bate boca atingiu temperaturas mercuriais.

Lá pelas tantas, um senador, ao assumir que fazia parte da já famosa Tropa de Choque, chamou os colegas de trombadinhas.

E insistiu que ali existiam vários trombadinhas protegendo outros trombadinhas do poder, um eufemismo para ladrão protegendo ladrão.

Xinga daqui, responde dali, retruca de lá e ficou por isso mesmo.

O terrível desse circo em que nós fazemos o papel involuntário de palhaços, é que sempre fica por isso mesmo.

Assentada a poeira, serenados os ânimos, sacramentados os acordos de bastidores, se restabelece a paz.

E os “coronéis de merda”, os “cangaceiros de terceira categoria”, os “trombadinhas” e quetais continuam mandando e mamando.

Puta que pariu!

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