quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Dia dos Pais, dias sem Mãe


Gilvan Cleucio de Assis tinha um histórico criminal que o credenciava a passar uma longa temporada atrás das grades.

Entre seus crimes, a hedionda prática de estupro, do qual era especialista. Escolhia a dedo suas vítimas, geralmente mulheres na faixa dos 35 anos, abordadas na saída de shopping centers.

A violência fazia parte de sua maneira de agir. Além de abusar sexualmente de suas vítimas, ainda as agredia.

Mesmo com esse histórico de brutalidade, Gilvan que cumpria pena em Salvador foi liberado para passar o Dia dos Pais em casa. Tudo dentro da lei. Como o mais inocente dos homens que numa data especial recebe o carinho e o reconhecimento de seus filhos.

Mas trajetória de Gilvan não comporta nem amor paternal, nem carinho familiar.

Entre a liberdade provisória de Gilvan e a celebração do Dia dos Pais, havia uma mãe no meio do caminho.

No meio do caminho havia a médica Rita de Cássia Giácomo, que saia de um shopping com a filha de um ano e oito meses. E desafortunadamente cruzou seu destino com o de Gilvan.


O resultado desse encontro em que o criminoso escolhe sua vítima de forma aleatória e não vê limites em sua sanha de violência é por demais conhecido, está em todas as manchetes de jornais, sites, emissoras de radio e de televisão.

Rita de Cássia foi assassinada com requintes de perversidade, certamente por ter resistido à tentativa de violência sexual. Seu corpo foi abandonado num matagal, ao lado da filha, que teve a vida poupada por Gilvan.

A descoberta do autor do crime pela polícia e a revelação que ele saiu da cadeia dias antes, expõe não necessariamente a insanidade de Gilvan Cleucio, mas sim a maneira com que a lei, ao generalizar, beneficia o criminoso e pune o cidadão de bem.

Houvesse um pouco mais de cuidado e alguém com o perfil de Gilvan jamais deixaria a cadeia, a menos que se acredite que um facínora psicopata seja tomado por um súbito surto de bondade, contagiado pelo espírito de Natal.

Ou pelo clima fraternal do Dia das Mães e do Dia dos Pais.

Resultado trágico: um bandido perigoso é liberado para passar o Dia dos Pais com os filhos. E por uma dessas crueldades, acaba privando uma filha do convívio da mãe, de todos os Dias das Mães de sua vida.

Se a lei existe para privilegiar o bandido e punir a vítima, que se mude a lei.

Não é de todo equivocado imaginar que, amparado pela lei, Gilvan ainda ganhe o seu indulto de Natal, porque ainda há quem creia em Papai Noel e ache que todos os criminosos são recuperáveis.

Definitivamente nem todos são.

Para alguns, como Gilvan, é cadeia eterna, ainda que o ideal nesses casos seja a velha e boa lei de Talião.

A única pena que se deve ter em relação a um sujeito desses não é a da compaixão, mas a pena de morte.

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