quarta-feira, 20 de maio de 2009

SEM QUERER QUERENDO


Na medida em que aumentam as incertezas em relação à maneira como a ministra Dilma Roussef, principal candidata do PT à presidência da República em 2010, vai suportar os efeitos do tratamento contra um câncer, crescem as especulações em torno de uma medida casuística que proporcionaria a Lula a chance de disputar um terceiro mandato consecutivo.

Além da movimentação de bastidores, dá-se como certo que o deputado federal Jackson Barreto vai apresentar uma proposta que viabilize a re-reeleição, muito provavelmente um plebiscito, em que a população decidiria se Lula pode ou não disputar a eleição no ano que vem.

Enquanto Dilma seguia firme e forte como a “mãe” do Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC, percorrendo o Brasil de cima a baixo ao lado de Lula, com chances de vitória em 2010, a despeito do favoritismo de José Serra, a tese da re-reeleição, que não é nova, estava hibernando.

O próprio Lula foi o primeiro a descartar a proposta e lideranças do PT sempre fizeram questão de manter distância do assunto, deixando a incumbência para deputados obscuros de partidos nanicos.

Jackson Barreto, entretanto, pode não ser do primeiro time do Congresso Nacional, mas seu partido, o PMDB, está longe de ser nanico. Ao contrário, possui a maior bancada na Câmara e no Senado e será uma espécie de fiel da balança na sucessão presidencial. Jackson Barreto não está falando em nome do partido, mas não seria idiota a ponte de apresentar uma proposta de tamanho potencial político se ela não tivesse a chance de seguir adiante.

Com as incertezas em torno do nome de Dilma e sem que o PT tenha um “plano B”, os holofotes se voltam para Lula.

O presidente e o partido podem até fazer jogo de cena, como se nada tivessem a ver com isso. Mas, em sã consciência, ser houver a possibilidade da re-reeleição porque não tentá-la?

Ou será que o PT e seus aliados mais fiéis estão dispostos a passar o apetitoso bolo para os tucanos degustarem?

Casuísmo ou não, a proposta fatalmente teria respaldo popular.

Lula, a despeito de crise que virou de ponta cabeça a economia mundial, desfruta de um prestígio que beira o sobrenatural junto aos brasileiros, especialmente as classes C e D, as primeiras beneficiadas pelo crédito fácil e as segundas pelos generosos programas de transferência de renda, com o Bolsa Família. E são eles que decidem um eventual plebiscito e depois decidem também a eleição.

A oposição, PSDB e DEM à frente, sabe que com Lula no páreo, o favoritismo de Serra esfarela. A política é muito dinâmica, o que se diz e/ou escreve hoje pode não valer nada amanhã, mas mantida a tendência atual, Lula seria imbatível.

O tema re-reeleição, portanto, deve deixar de ser tratado como uma excentricidade ou delírio de alguns lunáticos e entrar na ordem do dia.

O PT pode até perder a mãe (do PAC), mas pelo jeito não vai perder a chance de emplacar o pai (dos pobres) mais uma vez, se assim o Congresso Nacional permitir e o povo quiser.

No melhor estilo Chavez ,perdão Chaves: sem querer querendo...

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