terça-feira, 12 de maio de 2009

NÓS VOTAMOS, ELES VOLTAM

O deputado federal Sérgio Moraes (PTB-RS) causou estupor ao declarar que estava "se lixando para a opinião pública" e que “a imprensa bate, bate e a gente se reelege”.

Moraes é relator do processo no Conselho de Ética da Câmara para a eventual de cassação do também deputado Edmar Moreira, aquele que ficou famoso por construir um castelo digno de um rei, sem explicar direito a origem dos recursos.

O caso do castelo é mais um dos muitos (maus) exemplos oferecidos pelo Congresso Nacional, onde a cada dia surgem denuncias envolvendo o baixo, o médio e o alto clero no escândalo das passagens aéreas; que deveriam ser utilizadas apenas para os nobres parlamentares quando em serviço, mas que viraram mimo para familiares, namoradas, amigos, primo do tio da sobrinha da comadre em viagens de turismo pelo Brasil e outros países como Estados Unidos, França, Itália, Espanha, Alemanha e até o Havaí.

Há mais de um mês, o Congresso sangra e se enlameia com uma sucessão de denuncias, que quanto mais os envolvidos tentam se explicar, mais demonstram a que ponto se chegou a farra com o suado dinheirinho dos nossos impostos, que é quem sustenta essa turma toda.

Apesar da indignação geral causada pela fala de Sérgio Moraes, justiça lhe seja feita: além de ser chegado como a maioria de seus colegas, numa mordomia da boa e de ter uma predileção em utilizar os serviços do disque-sexo (com recursos públicos, óbvio ululante!), ele foi de uma franqueza cavalar.

Colocou o dedo na ferida.

No quesito “opinião pública”, alguém tem dúvidas de que aquela Nobre Casa está pouco se lixando para o que pensa a patuléia ignara?

Houvesse alguma preocupação com o que pensa o cidadão comum e não haveria tanta gente, incluindo-se aí alguns que se apresentavam como paladinos da moralidade, sendo pega em traquinagens e agindo como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Na questão “bate, elege”, trata-se de uma lamentável constatação. A lista de senadores e deputados que passaram semanas e até meses expostos na mídia, não pelo que fizeram de bom pelo País, mas pelas falcatruas que cometeram; e depois se reelegeram é imensa.

Alguns retornaram ao Senado ou à Câmara com votações consagradoras. Desnecessário citar nomes, sob pena de esquecer alguns desses prodígios da democracia e/ou da falta de memória do eleitor.

Porque, é bom que se diga com todas as letras, eles voltam não porque a imprensa é omissa, mas porque tem gente (e é muita gente) que vota neles.

Enquanto não aprendermos a utilizar de forma correta essa arma preciosa que é o voto, eles sempre voltarão para continuar defendendo menos o interesse público e mais o interesse pessoal.

E continuarão se lixando para essa tal de “opinião pública”, que a julgar por alguns dos políticos que elege, não deve ter lá muita opinião.

Neste festival de cinismo que assola o país, o deputado Sérgio Moraes -quem diria- é um monumento à sinceridade.

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