quinta-feira, 16 de abril de 2009
ESCOLINHA DO PROFESSOR GALVÃO
Dia desses, vendo pela tevê o Galvão Bueno tentar transformar um lance bisonho de Ronaldo numa jogada de gênio, lembrei-me de um episódio ocorrido lá pelo início dos anos 80. Do século passado!
A gente cobria, pela Radio Difusora Oeste, de Osasco, um jogo entre São Paulo e Náutico, pelo Campeonato Brasileiro. A partida não valia nada, porque os dois times já não tinham chances de classificação. Um desses jogos de entediar até torcedor fanático do São Paulo, como é o caso deste blogueiro.
Partidinha insossa, modorrenta, num Morumbi quase vazio.
Lá pelas tantas, o narrador Silva Netto (mais fanático ainda pelo São Paulo) narra um chute todo errado do atacante como se a bola tivesse “raspado” a trave.
Quando ele me acionou para contar como foi o lance, eu disse o que vi:
-A bola passou longe, sem nenhum perigo pro goleiro, segue o jogo...
Nem tinha notado que Silva Netto havia dito que a bola que passou longe tinha passado perto do gol.
Mas ele notou que eu o desmenti no ar, sem querer e sem perceber.
Em vez de seguir a narração do jogo, o que seria normal, ele decidiu me corrigir:
-A bola passou perto, um lance de perigo do São Paulo...
E eu, em vez de encerrar o assunto e pensar na morte da bezerra, insisti:
-Não, Silva, a bola passou longe. Estou ao lado do campo e vi...
Que nada!
Para o Silva Netto havia sido lance perigoso e não tinha jeito. Enquanto o jogo corria sem graça, os ouvintes da Difusora testemunhavam uma inacreditável discussão entre o narrador e o repórter, acerca de um lance banal.
Voltei a pensar na morte da bezerra e acabei concordando com Silva Netto, antes que ele transformasse uma bola que quase derrubou a bandeira de escanteio em gol do São Paulo.
Sem o “gol do Silva Netto” o jogo terminou mesmo em 0x0.
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