sexta-feira, 24 de outubro de 2008

AS MULHERES DE GUINERA






Há dez anos Fidel Castro foi inaugurar uma creche no bairro Guinera, nos arredores de Havana. Na época, o bairro era o mais miserável da capital, um amontoado de barracos. “Porque vocês não constroem prédios aqui?”, perguntou El Viejo Comandante a Josefina Bucur, conhecida como dona Fifi.

Com a garra de quem não fez outra coisa na vida que não fosse lutar pela sobrevivência, Fifi e suas companheiras iniciaram um mutirão que mudou o aspecto do Guinera. O governo forneceu o material, os moradores entraram com o trabalho e hoje os barracos foram substituídos por 396 apartamentos prontos, do total de 1.200 que serão construídos. Não é pouco, considerando-se as dificuldades atravessadas pelo país. O material de construção é produzido no próprio bairro. Os moradores dos apartamentos pagam 20% do salário por mês e são donos dos imóveis. Uma psicóloga orienta o processo de mudança do barraco para o apartamento.

O Guinera possui agencia bancária, posto dos correios, mercado e toda a estrutura de um bairro urbanizado. Os apartamentos são servidos com água, luz e rede de esgoto. Mas, porque as mulheres lideram o mutirão? Dona Fifi é quem responde:
-Os homens passam o dia fora. Nós é que sentimos o drama de morar em barracos. Por isso, fomos à luta.

A centelha se espalhou. Hoje são 7 bairros em processo de desfavelização em Havana e em outras cidades cubanas. Fifi, a mulher guerreira, é quase uma atração turística, visitada diariamente por pessoas de todo o mundo.

Continua morando no Guinera, num dos apartamentos que ajudou a construir com as próprias mãos.

(na próxima série de reportagens: a prostituição, o cambio negro e o sucesso das novelas brasileiras)

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