Os brasileiros que se deixaram inebriar com o ufanismo perpetrado pela Rede Globo, Galvão Bueno à frente, durante os Jogos Panamericanos disputados no Rio de Janeiro, e que conseguem varar madrugadas acompanhando os Jogos Olímpicos de Pequim, devem estar se perguntando onde anda aquela potência esportiva de colheu um balaio de medalhas de ouro, prata e bronze nas pistas, quadras, campos, tatamis e piscinas.
No Pan do Rio, o Brasil ficou em terceiro lugar, atrás apenas dos Estados Unidos e de Cuba. Vendeu-se a idéia de que na China, os atletas nacionais iriam brigar pelos primeiros lugares.
Faltou-se dizer, até porque não era conveniente ser dito, que Estados Unidos, Canadá e Argentina mandaram para o Rio suas equipes B, C e D e que Cuba (assim como Fidel Castro) vive seu ocaso, a despeito de ostentar um desempenho esportivo superior a de países mais ricos.
Faltou dizer, também, que no Pan do Rio, a exemplo do que ocorre nos Jogos Olímpicos de Pequim, os veículos de comunicação e os atletas e/ou equipes são patrocinados em sua maioria por estatais como a Caixa Econômica Federal, Correios, Banco do Brasil e Petrobrás.
Sob essa ótica, é mais do que conveniente superdimensionar competições meia-boca como o Pan e criar uma expectativa, que depois se revela falsa, para as Olimpíadas, onde se reúne nata do esporte.
O problema é que quando chega a hora da verdade, percebe-se que nem tudo que reluz no Pan é ouro nas Olimpíadas.
Nem prata, nem bronze...
As medalhas que o Brasil conquistou até agora se devem a feitos heróicos, como a atleta de Brasília que ganhou o bronze no judô depois de encarar todos os tipos de privações a ponto de, no início da carreira, sua mãe ter que optar entre comprar comida ou comprar o quimono. Teve direito até a uma entrevista ao vivo no Jornal Nacional, mas voltará para o anonimato (e as dificuldades) antes mesmo que sua medalha comece a perder a cor.
Países como os EUA. China, Rússia, Canadá, Japão e as nações européias tratam o esporte como política pública. Investem no trabalho de base, que começa na escola e se estende à universidade. Os talentos fora de série são garimpados em meio a uma profusão de esportistas.
Não são obras do acaso ou de alguma generosidade genética. Como não é por acaso que esses países dominem o quadro de medalhas e que seus atletas pulverizem recordes.
Para o Brasil, resta o consolo da frase esportiva mais idiota de todos os tempos, a de que “o importante é competir”, quando a essência da competição é vencer. Ou o acalento bíblico de que “os últimos são os primeiros”.
Passados sete dias do início dos Jogos Olímpicos, o Brasil ostenta a 39ª. posição, com quatro medalhas de bronze (três do judô e uma da natação), atrás de países como Geórgia, Azerbaijão, Zimbaue, Tailândia, Cazaquistão, Guirguistão (uma medalha para quem acertar, de primeira!, onde fica esse tal de Guirguistão), Mongólia, Vietnã, Ruanda e Armênia.
Tudo bem: temos boas chances na ginástica, no vôlei de quadra e de praia, nos esportes náuticos e no futebol masculino e feminino. Com um pouco de sorte dá para chegar entre os vinte primeiros colocados no quadro de medalhas. Longe, bem longe das verdadeiras potencias do esporte.
Na China, estamos mais para impotência olímpica.
E não tem viagra, nem patriotada, que dê jeito.
Um comentário:
E a idéia de achar que ficar em décima colocação em uma competição, é estar entre os dez melhores?
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